Acompanhei nos últimos dias, em uma das comunidades das quais eu participo no Orkut, uma acirrada discussão acerca da escolha do Cristo Redentor como uma das sete maravilhas do mundo moderno. Alguns poucos concordaram com a escolha e admitiram ter torcido para isso. Mas a massacrante maioria abominou o fato e confessou, abertamente, ter torcido contra.
Eu, sinceramente, não entendi tamanha polêmica. Estou longe de ser ufanista, aliás, acho o ufanismo tão patológico quanto o fanatismo religioso. Mas, se um monumento de nosso país concorreu ao título, por que não torcer a favor? Se a UNESCO indicou o Cristo entre outros tantos monumentos de destaque ao redor do globo, é porque acharam que havia o mérito.
"O Cristo só foi escolhido por causa do apelo religioso, não tem valor nenhum como obra arquitetônica", disseram alguns. E daí? Ninguém disse que deveria ser levado em conta apenas o valor arquitetônico do candidato avaliado. Além do que, a construção do monumento se iniciou em 1927. Isso, mais o fato da estátua pesar quase 1.200 toneladas, mais o fato de estar incrustado no alto do Morro do Corcovado, a 710 metros de altura, faz com que o Cristo Redentor seja sim uma obra de grande valor arquitetônico. Ou como será que esse povo acha que Ele chegou lá em cima? Voando?
"O Cristo nem é tão antigo! Eu torci pelo Coliseu e pela Torre Eifell." Re-lo-ôu! O monumento parisiense foi inaugurado em 1888 e o carioca em 1931. Quarenta e três anos de diferença não colocam a Torre Eifell exatamente em patamar de antiguidade diante do Cristo. Sem falar na Estátua da Liberdade, outro concorrente também do final do século 19.
"O Cristo só foi escolhido por causa da propaganda maciça que a Rede Globo fez em cima, só para distrair a atenção da população brasileira de coisas mais importantes!". Olha, eu não tenho mais saco para essa teoria da conspiração de que "a Globo, com seu grande poder de manipulação das massas, comanda o destino do Brasil e do povo brasileiro". Menos, né, gente! Não é para tanto...
"Com tantas mazelas que assolam nosso país, como a fome, a violência, o analfabetismo, ficam dando importância para uma coisa tão besta! Eu torci contra mesmo, torci para o Taj Mahal!" Ah, tá! E desde quando a Índia deixou de ser um país que sofre com a superpopulação e a miséria? Aí vale o popular: pimenta no cu dos outros é refresco.
E eu poderia desfiar um rosário sobre os motivos pelos quais a maioria das pessoas não concorda ou torceu contra a escolha do Cristo. Mas pouquíssimos foram os que embasaram suas opiniões em motivos plausíveis e justificáveis. A grande maioria apenas posou de revoltada e politicamente correta.
Eu não votei, mas torci e fiquei orgulhoso pelo Cristo Redentor ter sido escolhido uma das
Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Assim como torci ontem para a péssima seleção brasileira que venceu chorado o Uruguai nos pênaltis, garantindo uma vaga na final da Copa América. Isso se chama patriotismo. Porque, por mais que a situação esteja difícil, é sempre motivo de orgulhoso ver o nosso país se destacando.
E quem não gosta do Brasil e não gosta de ser brasileiro, morra e nasça de novo no Afeganistão. Aí, sim, vai ver o que é bom pra tosse!