segunda-feira, 2 de julho de 2007

A má educação

Conversando com minha irmã outro dia, ela se queixou que estava cortando um dobrado com meu sobrinho Tales, aquele fofo que protagonizou alguns posts deste blog. Reclamou de algumas atitudes agressivas e mal-criadas da parte dele, que andava meio respondão e ameaçando chutar ou dar murros quando algo ou alguém o desagradasse. Tive uma pequena desconfiança que acabou lançando uma luz sobre o problema. "Não será o videogame?", perguntei.

A cada 15 dias, Tales passa o fim de semana com o pai e na maior parte do tempo, fica na casa de uma tia, para onde leva o Playstation que ganhou de presente de seu progenitor quando havia praticamente acabado de completar três anos. Sim, meu ex-cunhado é uma besta.
Lá, ele joga com os primos, que já são adolescentes. "Então, ele só pode estar jogando games de luta", argumentei. Minha irmã foi falar com a ex-cunhada, que confirmou que eles realmente jogam games de luta e que, inclusive, tentou alertar meu cunhado a respeito, mas ele simplesmente não lhe deu ouvidos.

O resultado é que, toda vez que o Tales retorna de um fim de semana com o pai, fica extremamente chato e com péssimas reações quando alguma de suas vontades não é satisfeita. Fica óbvio que o pai faz tudo o que ele quer e pede. Se o garoto pedir: "Pai, abre a boca que eu quero cagar dentro dela" é bem provável que ele abra.

Resumo da ópera: todo o esforço que minha irmã faz em duas semanas no sentido de educar meu sobrinho e transformá-lo em uma pessoa responsável e consciente de seu lugar no mundo, vai por água abaixo em dois dias que ele passa com o pai. E o pior: à mãe cabe ficar com o papel da chata repressora. Muito injusto.

Nessas horas acredito que a natureza é muito sábia por ter me feito gay, isento de qualquer vocação para ser pai. Não que eu não goste de crianças. Amo os meus sobrinhos de paixão. Mas não tenho a menor disposição pra encarar a responsabilidade de colocar uma criaturinha dessas no mundo e zelar por ela, para que não se corrompa por valores tortos e para que não fique à mercê de pessoas de má índole.

Claro que, no caso do Tales, farei, assim como farão minha mãe e meus outros irmãos, o que estiver ao meu alcance para ajudar minha irmã a dar uma boa educação a ele, para que se torne uma pessoa de bem, que saiba o valor da vida, que respeite os mais velhos e as diferenças e que faça, por sua vez, a diferença no mundo que será dele, no futuro.

9 comentários:

San Lee disse...

Fase um: Fim de semana de abandono preenchido por truculência dos jogos.
Fase dois: Disciplina, limite e convívio digno.

Com o tempo o pequeno verá o que foi legal.

Abraço!!!

Olha...e se eu pudesse entrar na sua vida... disse...

é foda isso. Eu me lembro de ser filha de pais separados e de achar a minha mãe a maior megera do mundo. Hoje em dia agradeço a ela a minha porção mais pé no chão.

Mas filho é isso, é todo santo dia ter de dar limite, todo santo dia moldar - o que for possível - a figurinha pra viver em sociedade. E deve ser um saco. Eu já tive enteada e por alguns dias jah achava difícil. Mas sei que vou ser boa mãe por ter curtido demais aquela fase de ter uma filhota emprestada....

fabiana disse...

Eu sou filha de pais separados também, e uma coisa é certa: disciplina e conversa não faz mal a ninguém, e chineladas também não matam. Se tiver diálogo por parte da sua irmã e se vocês continuarem no empneho de ajudá-la a dar uma boa educação, com certeza o Thales aprenderá.

Quanto as más companhias, lá na frente ele também vai conseguir discernir o que é bom pra ele e o que não é, com base na educação que ele teve. É barra, mas filho é isso aí, e é por isso que ainda nem penso em tê-los.

Anônimo disse...

Queridão, espero que esse tosco do seu ex-cunhado não tenha influência sobre o pimpolho sobre o fato de vc ser gay. Já pensou se ele volta pra casa te chamando de nomes? Esse é um dos meus medos.

Anônimo disse...

Eu acho que toda criança tinha que vir com bula ou manual de instrução...
Não sei se tenho vocação para ser mãe, mas enfim...
Fê espero que isso se resolva da melhor maneira possivel, sua irmã deveria conversar com o cara, para ele dar atenção para o filho ao invés de joga-lo na frente da tv para jogar video game.

Fê Guimarães disse...

San, também aposto nisso. Hoje agradeço muito aos meus pais por terem me dado uma formação rígida.

Mari, é verdade, o adulto que essa criança virá a ser na sociedade dependerá muito dos parâmetros impostos por quem educá-la.

Fabi, concordo. Também sou filho de pais separados e também acho que um bom corretivo, além de não fazer mal, é necessário. Como diz o ditado: é de pequenino que se torce o pepino.

Wans, eu acredito que não, mesmo meu ex-cunhado sendo um tosco, a própria família dele vê as atitudes erradas dele e também são aliados na boa educação do pequeno.

Isa, minha irmã já tentou conversar, mas o cara é muito cabeça-dura. E como não sabe disciplinar o filho, acaba domando-o pelo método errado: fazendo as vontades.

Ana disse...

Eu tenho medo de não ser boa mãe, pq a vontade q dá quando vejo uma criança malcriada é de sentar a mão na bunda dela até.

Andrea disse...

Eu ainda não enetendo como alguém ainda tem ãnimo para isso...rs

Galega disse...

esqueçam tudo q vcs ouvirem sobre criaçao de filhos! qnd eles chegam enlouquecem os pais e nos deixam mais inseguros e impotentes diante do mundo!

dia desses segui o conselho do Fer e liguei na TCM, altas madrugadas. Tava passando "assim caminha a humanidade". Fiquei morrendo de pena dos protagonistas q criam seus 3 filhos e todos eles se tornam pessoinhas diferentes do q eles haviam planejado.

Vai ser assim com o Tales, com o Neto e com qq criança q venha. Foi assim conosco.

qnt ao videogame, eu discordo Fer, mas outro dia fofocamos no msn sobre isso!

xeeeeiro