domingo, 19 de novembro de 2006

Ativo, passivo ou totalflex?



Toda vez que se fala em papéis sexuais, tem-se a sensação de que "ativo" é aquele que repete o padrão heterossexual de sexualidade, mas com o desejo direcionado a outro homem. Já o papel "passivo" traz um cunho pejorativo, de submissão e feminilidade, denotando uma repetição do modelo feminino e um preconceito do próprio homossexual em relação a esse papel.

Existem duas idéias. A primeira, de que um indivíduo ativo seria superior a um passivo, estando "por cima", na cama e fora dela. Daí surgem termos depreciativos, como passivona, PAM (passiva até a morte), dadeira, entre outros, só porque uma biba assume gostar de ser passivo na transa. E a coisa é universal. Eu ainda prefiro o "ativo" e o "passivo" da Língua Portuguesa, do que o "top" e o "bottom" do Inglês, pois denotam ainda mais os papéis do dominante e do submisso.

A segunda idéia é a de que qualquer gay, hoje em dia, deve assumir os dois papéis na cama e aparentar nenhum na sociedade. E que, ao contrário, deve demonstrar mais frieza e sisudez do que os héteros, como se os héteros fossem sempre frios e sisudos. Ledo engano, porque a maioria não é.

Nessa relação ativo/passivo, cria-se um jogo entre o ativo, dominador, que tem o "poder", e o passivo, dominado, que se "submete" a esse poder. O desejo sexual de um indivíduo passivo não corresponde necessariamente com suas atitudes diante da vida. Ou seja, você ser na cama não significa se submeter ao poder do outro na cama, muito menos fora dela. Existem homens sexualmente ativos que são submissos ao seu parceiro passivo, tanto na cama, como em sociedade.

Claro que existem pessoas que gostam igualmente de ser ativas e passivas na cama. O importante é transar da forma que gosta, com quem gosta e com segurança, e não se preocupar em criar "normas" para o prazer. Sexo foi feito pra compartilhar, dividir, ter prazer, trocar e ser criativo. Não para imitar ou seguir. O prazer sexual é seu e você tem todo o direito de se permitir senti-lo da forma mais adequada ao seu tesão.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Você tem fogo?



A vida moderna ainda não acabou com uma velha mania dos conquistadores, que é dissimular sempre. Todo espécime humano imbuído no desejo de atrair outra pessoa nunca revela sua intenção em palavras, por mais ilógica que possa parecer a tática. É como terminar um namoro alegando que a culpa é sua e não de quem leva o fora: não faz o menor sentido, mas quase sempre funciona.

Ser bem-sucedido na arte de faturar o semelhante exige talento metafórico de poeta parnasiano. Tentar colocar os pingos nos "is", além do fracasso certo, pode levar uma simples cantada à violência ou arrastá-la às raias do absurdo. No campo do sexo, o segredo do negócio sempre foi dissimular. Quando alguém te trata mal de graça, tem três chances em cinco de existir intenções sexuais por trás da grosseria. Agora, se o destrato for uma indiferença exagerada à sua presença luminosa, fique certo (a): ele (a) quer trepar contigo.

As artimanhas de desvalorizar para conquistar nunca devem ser confundidas com honestidade, porque ainda há quem insista em ser sincero no dia-a-dia. Nunca cometa o erro de confundir frases ingênuas com as libidinosas. Dizer que seu corpo é o máximo, o bumbum redondo, que com esse preparo físico você deve estar arrasando na cama ou que sua mala está gritando no jeans, nem sempre escondem segundas intenções, pois são demasiado diretas. Já pedir fogo pro cigarro, elogiar o sorriso ou perguntar se você se chama Eduardo, essas sim, são frases lascivas, perigosas.

Há controvérsias na origem do costume de dissimular. Talvez ele tenha nascido da inclinação humana para desdenhar do que já possui. Ou seja, não deixa nada muito claro porque as pessoas só desejam o que não têm. O que leva todo mundo a fingir não querer o que realmente quer para assim poder ter. Como o antigo hábito dos camponeses chineses de se lamentar em voz alta para que os maus espíritos não lhe invejem a boa sorte...

"Meu namorado é um lixo!"
"Não seja injusto, ele é até bem bonitinho..."
"Que nada, tem péssimo humor e, na cama, não dá nem pra saída."
"Não diga!"
"Juro"
"Sabe que não parece?"

sábado, 16 de setembro de 2006

Ai, se mamãe me pega agora!



Cazuza já escreveu que "só as mães são felizes". O que exatamente ele quis dizer com isso até hoje eu fico boiando na tentativa de entender. Talvez seja a franqueza, a plena amizade que possa vir a unir pais e seus filhos homossexuais. Para muitos gays, parece um sonho impossível, algo que os persegue durante toda a vida, uma espécie de "to be or not to be". Mas, eis a questão: para muitos, revelar sua homossexualidade publicamente pode parecer fácil, entretanto, fazê-lo para seus próprios pais torna-se uma tarefa praticamente inconcebível. Isso porque, sempre que pensam no assunto, em contrapartida imaginam reações das mais diversas e, o que é pior, na maioria das vezes, adversas.
Quem não se lembra de um dos maiores índices de audiência da TV brasileira nos últimos tempos, a novela "A Próxima Vítima"? Bobagem ou não, ficção oportunista ou não, o texto de Sílvio de Abreu teve importante papel na materialização dessa fantasia, trazendo para o final do milênio passado, o sonho do jovem que revela à família sua orientação sexual. Quem viu não vai esquecer a cena: Suzana Vieira conseguiu o tom exato, dividida entre a culpa e o amor, entre a dor e o desejo de compreender e aceitar, entre medo e respeito, raiva e ansiedade. Mas desse padecimento todo veio o paraíso de compreender o filho, aceitá-lo e reconstruir corajosamente sua vida com ele, juntando os pedaços de toda aquela louça quebrada.
Na mesma novela, já não foi tão fácil para a mãe vivida por Zezé Motta. Ali, a outra face da moeda apresentava exatamente a não-aceitação, o medo, a revolta, o célebre "Ai, meu Deus, o que eu fiz de errado?". E não havia cola-tudo capaz de unir os pedacinhos de toda a louça. Mas, como diz sabiamente o ditado: o que não tem remédio, remediado está. E não há chavão mais pertinente. Porque, ao fim de tudo, você se pergunta: o que mudou? Muda alguma coisa?
Ser mãe é mesmo padecer no paraíso. Pelo menos para algumas que já descobriram o susto e as delícias de ter um filho homossexual.

"Você nunca varou a Duvivier às 5
Nem levou um susto Saindo do Val Improviso
Era quase meio-dia no lado escuro da vida
Nunca viu Lou Reed "Walking on the wild side"
Nem Melodia transvirado rezando pelo Estácio
Nunca viu Allen Ginsberg pagando michê na Alaska
Nem Rimbaud pelas tantas negociando escravas brancas
Você nunca ouviu falar em maldição
Nunca viu um milagre nunca chorou sozinha num banheiro sujo
Nem nunca quis ver a face de Deus

Já frequentei grandes festas nos endereços mais quentes
Tomei champanhe e cicuta com comentários inteligentes
Mais tristes que os de uma puta no Barbarella às 15 pras 7
Reparou como os velhos vão perdendo a esperança
Com seus bichinhos de estimação e plantas?
Já viveram tudo e sabem que a vida é bela
Reparou na inocência cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo e sabem que a vida é bela

Você nunca sonhou ser currada por animais
Nem transou com cadáveres?
Nunca traiu teu melhor amigo
Nem quis comer a tua mãe?

Só as mães são felizes..."

Cazuza - Só as mães são felizes

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Sexo, drogas... e o que mais mesmo?



No último sábado, acabei fazendo um programa que há tempos não fazia. À tarde meu amigo Eduardo, um dos mais antigos e queridos por sinal, me ligou, chamando para uma reuniãozinha em sua casa, logo mais à noite, para comer um hot dog com refri, jogar conversa fora e assistir um DVD. Como estou "namorandinho", adorei a opção de um programinha light. Pois bem, chegamos à casa de Dudu por volta das 9 da noite, onde mais cinco de meus amigos já nos esperavam. Sentamos à mesa e fizemos nosso lanchinho, conversamos e rimos muito, depois vimos um filme em DVD ("Sentinela", com Michael Douglas, mais ou menos...). Pouco depois da meia-noite estávamos indo embora, satisfeitos.
Pensando nisso depois, me lembrei de algo que li certa vez, ou ouvi, não tenho bem certeza, assim como não lembro quem foi o autor da frase: "A classe média hoje se sustenta em três pilares: sexo, drogas e Credicard." Isso se aplica muito à comunidade gay. Por isso, às vezes até estranhamos quando nos convidam para uma reunião onde não há intermináveis filas no banheiro, garage ou techno no cd player e gente se pegando.
Conheço um monte de gente que vive nesta trinca, não necessariamente nesta ordem, praticamente toda a vida. Gente que não consegue por o pé na rua se não estiver colocado. Que não consegue dançar se não for garage ou drag music. Gente que não se diverte se não rolar uma pegação e que não marca um segundo encontro porque descobriu que a biba compra na Riachuelo. Pouco a pouco, a estética e o estilo de vida do mundo gay vão impondo um padrão autoritário que não admite cidadãos de segunda categoria. Dependendo do lugar onde se vai, ou você é malhadérrimo, ou você não existe. Em alguns bares e boates, se você não se colocar, não consegue nem entender o que se passa a sua volta. Conheço pessoas que saem e, se não rolar uma cama no final, acham a noite horrível e monótona.
Estou longe de ser uma freira carmelita. Adoro gente bonita, dançar até de madrugada e uma boa tequila. Não há nada pior do que ônibus cheio ou depender da carona dos outros. Mas ando um tanto cansado do autoritarismo da barbie, da tirania da Colcci e da ditadura do ecstasy. Nada contra, mas é limitar demais a vida. Talvez por isso mesmo a gente deva se patrulhar para não reproduzir esquemas radicais.
Alguém já percebeu que o mundo gay racha praticamente ao meio quando o assunto é casamento? Os tipos são inconfudíveis. De um lado, a biba que não consegue ficar sem alguém. Para ela, todos os solteiros são umas vagabundas e quem só quer uma diversão é uma irremediável galinha. De outro lado, as bibas cuja auto-estima é tão grande, mas tão grande, que qualquer tentativa de alguém se aproximar é considerada "invasão do meu espaço". Estas não casam nunca. Até namoram. Mas casar, nem pensar. Enquanto isso, perdemos de vista coisas pelas quais deveríamos ter mais carinho. Ou deixamos de brigar pelo que é justo.
E como eu pude provar pelo meu último sábado, uma coisa tão simples como curtir o namorado e os amigos, não tem modismo que supere. Não tem preço.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Orgulho e preconceito



Uma coisa que sempre achei interessante entre os gays é a capacidade que eles têm de rir de si mesmos e de suas agruras. A reversão do preconceito em orgulho faz parte disso. Nós gays nos chamamos de bicha, gay, boiola, viado, mona, mulher, sem o menor problema, como que para afirmar ao mundo hétero: "somos mesmo e nos orgulhamos disso!"
No entanto, quando tais palavras são proferidas da boca de algum cidadão oriundo desse "mundo hétero", tomam dimensões diferentes, pejorativas, por vezes assustadoras. Nos filmes de suspense e terror, ainda mais se têm roteiros meio convencionais, uma coisa é certa: cuidado! O monstro ainda não morreu. Não relaxe na poltrona se tudo o que rola na tela parece ter sido resolvido, porque o susto vem quase sempre garantido. É assim com o preconceito. A gente vai se animando, comemorando pequenas vitórias e, quando pensa que as mentalidades evoluíram, o monstro levanta do pântano, horrendo, disposto a dar cabo do casal do bem que, a caminho de casa, já respirava aliviado.
A má vontade com a homossexualidade parece esse monstrengo, mas com duas cabeças. A mais visível delas age com um preconceito medieval, aquele velho ódio que persiste no tempo. A outra face tem um contorno bem mais sutil. Funciona quase como um subconsciente. É o preconceito que se pega na curva. Geralmente, ele aflora no discurso de alguém que se imagina perfeitamente de acordo com a variedade das manifestações existenciais humanas, uma pessoa sem preconceitos.
Esse preconceito que se revela sem querer, mais do que a violência explícita, faz a gente perceber que o roteiro desse filme ainda guarda muitos sustos. Para a maioria tudo isso parece obscuro. A impressão que vem se difundindo desde o tema "gay" tornou-se assunto discutido em toda a sociedade é outra. O mito de que a homossexualidade não é mais a questão. Que sua discussão perdeu relevância, porque a orientação sexual de uma pessoa não faz mais a menor diferença. Mas os fatos desmentem o mito. Basta ler os jornais ou contar os homossexuais assumidos que qualquer um de nós conhece. Os monstros provam que o preconceito vive, mesmo que eles saltem sutis das entrelinhas, como ocorre na maior parte dos discursos tolerantes que se ouve. Quem estudou na época da ditadura, como eu, deve ter aprendido que no Brasil não havia preconceito contra negros, Que aqui se formou uma democracia racial, uma sociedade miscigenada. Hoje, a duras penas, conseguimos assumir que o que os livros de OSPB diziam era muito bonito, mas não era verdade. E que o negro brasileiro enfrenta, até hoje, muita discriminação.
O preconceito de orientação sexual está indo pelo mesmo caminho. E ao ser negado, ele se torna mais cuel do que aquele que se manifesta concretamente, até porque fica mais difícil de ser combatido. Carecas de ir ao cinema, a gente nem curte mais esses filmes convencionais, com monstros que ressucitam. Por isso é bom ouvir a frase toda quando alguém começa com "eu não tenho nenhum preconceito" . A paz que a verdadeira ausência de preconceitos traz ainda não chegou ao coração da maioria dos homens.

domingo, 27 de agosto de 2006

A balada nossa de cada sábado.



Estou um bagaço! Dormi até uma da tarde hoje, depois de chegar da balada às 8h30 da manhã. Isso porque foi balada de última hora. Estava passeando pelo shopping à tarde, com meu amigo Luiz, tomando uma casquinha do Mc Donalds (não, não comi Big Mac para participar do Mc Dia Feliz...), quando um outro amigo dele ligou chamando pra ir a Sampa, podendo convidar mais alguém. Apesar de não topar muito esses programas de última hora, acabei aceitando, pois estava meio sem ânimo pra pegar balada aqui em São José.

Bem, à noite, depois de passarmos mais de meia-hora esperando o quinto ocupante do carro se enbonecar, pegamos a Dutra e partimos, rumo ao desconhecido. Pelo menos eu, já que iríamos à The Week, que eu ainda não conhecia. Tinha minhas reservas com relação à casa, pois ela herdara os frequentadores da Level, onde eu ia sempre, mas, que nos seus últimos tempos, havia se transformado numa verdadeira Barbielândia, um templo do "carão" na night paulistana.

Chegando lá, fui conhecer o local. Simplesmente espetacular! Enorme, duas pistas de dança, um lounge imenso e uma área externa fabulosa, com deck, piscina, quiosques e, pasmem, mictórios a céu aberto, escondidos por umas parcas palmeiras! Achei do caralho! Os frequentadores são um show à parte. Muita gente bonita, descolada e bem vestida. Dava a impressão que a "São Paulo Fashion Week" tinha explodido na minha cara. E, claro, músculos desnudos em profusão.

O "carão" também estava lá, lógico, marcando presença. Mas nem me importei, pois acabei engatando em uma paquera com um gato, que acabou rendendo uma ficada para o resto da noite. E um convite para dormir em Sampa. Infelizmente não pude aceitar, mas, telefones devidamente trocados, fica para uma próxima.

Saímos de lá quase sete da manhã, deixando o lugar ainda abarrotado de gente! Depois de tanto tempo apenas no circuito São José - Taubaté, havia até me esquecido de como o povo de São Paulo reverencia uma balada. Cansados, mas satisfeitos, voltamos pra nossa cidadezinha provinciana agradecendo por São Paulo estar a menos de cem quilômetros e a apenas uma hora de viagem.

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Até que enfim é sexta-feira!

Passou o susto. Hoje recebemos na URBAM a notícia de que o tal projeto de lei votado na Câmara tinha uma emenda, que restringe a terceirização de serviços prestados pela empresa ao terminal rodoviário intermunicipal, o que já é feito atualmente pela Socicam, por meio de um contrato emergencial. Os 2.200 funcionário respiram aliviados.
*
Agosto, mês de desgosto, mês de cachorro louco. Não me lembro de ter visto um mês de agosto tão atípico como este de 2006. Fez frio, fez calor, choveu, fez frio e fez calor de novo. E não me refiro apenas ao tempo/clima. Agosto passou muito rápido! Normalmente é um mês que passa arrastado, preguiçoso, dá até uma certa angústia na gente. Sim, porque pobre se angustia quando demora demais entre um contra-cheque e outro. E no quesito "bolso", agosto é um mês que me irrita muito, porque além das contas e despesas corriqueiras e essa sensação de que o dia do pagamento não vai chegar nunca, é o mês em que eu licencio meu carro. Fico passado! Além de morrer na grana no começo do ano para pagar o famigerado IPVA, ainda tive que desembolsar mais R$125,00 pela taxa de licenciamento e o seguro obrigatório. Infâmia!
*
Mas, até que enfim é sexta-feira, sensação de dever cumprido e expectativa pelo que vai rolar no fim de semana. Dia de baladinha e breja com os amigos, rir e falar bobeira. E, quem sabe, beijar na boca! Bom fim de semana a todos!

quinta-feira, 24 de agosto de 2006


Terceirizado, eu?


"A terceirização originou-se nos Estados Unidos, logo após a eclosão da 2ª Guerra Mundial, pois as indústrias bélicas tinham que se concentrar no desenvolvimento da produção de armamentos e passaram a delegar algumas atividades a empresas prestadoras de serviços. Alguns segmentos no Brasil, como a indústria têxtil e a gráfica se utilizaram da contratação de serviços.
No entanto, atualmente, este mecanismo se dá como uma técnica moderna de administração e que se baseia num processo de gestão que tem critério de aplicação (início, meio e fim), uma visão temporal (curto, médio e longo prazo) e uma ótica estratégica, dimensionada para alcançar objetivos determinados e reconhecidos pela organização."



Hoje fomos surpreendidos no trabalho com a notícia de que seria votado na Câmara Municipal um projeto que permitiria à Urbam terceirizar seus serviços, quase que na totalidade. Pra quem não sabe, ou não conhece, a Urbam, empresa em que eu trabalho há quase seis anos, devidamente aprovado em um concurso público, é uma autarquia municipal que presta serviços diversos à prefeitura, como coleta de lixo, limpeza urbana, obras públicas, serviços funerários e administração de cemitérios e terminais rodoviários. Há poucas semanas, já se gerou uma polêmica em torno do assunto, quando foi anunciada a terceirização do Hospital Municipal. Bem, até hoje, todas as histórias que eu ouvi sobre terceirização de serviços de saúde foram de verdadeiros fiascos.

No caso da Urbam, nem vou entrar no mérito da questão do serviço que é prestado à população. Serei egoísta sim, e irei direto ao assunto que me atinge em primeira instância: se a empresa for terceirizada, como ficarão seus empregados? Com certeza, o discurso será: "Não precisam se preocupar, todos os empregos serão mantidos, sem nenhum prejuízo aos funcionários." Difícil acreditar, uma vez que, no geral, processos de terceirização visam, principalmente, economia e corte de gastos. E o que mais onera os cofres públicos do que a folha de pagamento?

Claro que confio em meu taco e na qualidade do meu trabalho e sei que, se depender apenas disso, manterei meu emprego numa boa. Mas seria duro perder certos direitos e benefícios, além de alguns colegas de trabalho que podem não ter a mesma sorte. Vamos esperar pra ver.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Espelho, espelho meu...



É consenso geral entre a maioria dos meus amigos: há dias em que você acorda, se olha no espelho e se sente a pessoa mais linda desse mundo, tão radiante que parece que todos à sua volta param e se viram à sua passagem e “nossa, se eu não fosse eu, eu me comia!”. Em outros, você nem precisa ver sua imagem refletida pra se sentir a mosca do cocô do cavalo do bandido. Quando se olha então, meu Deus! Que olheira horrível, que cabelo desgrenhado, que cara de bunda! Tudo bem, por mais que a olheira esteja mais saliente, o cabelo um pouco mais rebelde, o fato é que todos os dias acordamos com a mesma cara. É o que vai por dentro que determina a auto-avaliação que fazemos de nossa imagem.

Dias desses eu estava assim, me sentindo transparente, achando que as pessoas ao meu redor simplesmente não me notavam. Ora, aos 35 anos, estou cansado de saber que não sou nenhum monumento à beleza masculina. Mas também, sem falsa modéstia, estou longe de ser um cara feio. Não sou perfeitamente simétrico, como a grande maioria dos pobres mortais, mas há tempos aprendi a conviver com as minhas imperfeições. Sou muito bem resolvido com meu nariz grande, pois além de achar os homens com nariz grande irresistíveis, essa é uma característica que denota minha ascendência italiana, é um pouco de quem eu sou, das minhas origens. Não gosto do formato do meu rosto. Acho simplesmente lindo e másculo um homem com rosto quadrado, desses com os ossos da face bem salientes. Mas no geral, não me queixo quando olho no espelho, porque vejo que o tempo só tem me sido benéfico. Do corpo, então, nem falo nada. Quem é que está cem por cento satisfeito com sua forma física? Até mesmo a barbie mais sarada, quase beirando a perfeição de um Adônis, sempre acha que pode melhorar.

Sendo assim, o que me levou a me sentir tão invisível aos outros? Por mais que eu tenha analisado, não cheguei a uma conclusão. Talvez estivesse me sentindo meio carente. Ou talvez o fato de ter ido pra balada com dois amigos muito bonitos e perceber os olhares de todos convergindo para os dois, ficando relegado ao posto do “amiguinho feinho”. E essas encanações foram me tomando de uma forma que, em vez de eu ir à luta para provar que não era nada daquilo, fiquei acabrunhado em um canto, me lamentando pelo fato de a natureza não ter sido um pouco mais generosa comigo.

Bobagem! Passado o bode e pensando friamente, se eu pudesse sairia do meu corpo e me daria umas porradas! Assim como quando nos falta um sentido e desenvolvemos melhor um outro para suprir essa falta, há tempos aprendi a usar os recursos que tenho a minha disposição: um olhar mais provocante, um sorriso mais insolente, um gesto mais audacioso. E o mais importante: mostrar que sou alguém que pensa, que tem convicções e atitudes, o que já é bem difícil de se encontrar hoje em dia.

Sei que haverá outras ocasiões em que me sentirei assim novamente. A insatisfação é inerente ao ser humano, mas também é a mola-mestra que nos faz sempre questionar, ponderar e nos auto-conhecer cada vez mais. E, graças a Deus, a vida é cíclica. E o amanhã, quem sabe o que nos reserva?

terça-feira, 22 de agosto de 2006

O ócio produtivo e o início de um blog.

Acabei de criar o blog. Estou no escritório, num daqueles momentos em que não há porra nenhuma pra fazer. Ou até há, mas como não é nada urgente ou prioritário, você sempre acaba cozinhando em banho-maria, preferindo fazer outras coisas mais produtivas, como navegar na net, postar no orkut, ou criar um blog. Isso, claro, até pintar outra prioridade: a hora do almoço. Fui!