Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência

Ontem fui para o trabalho de carro, coisa que não faço com muita frequência, pois tenho ônibus fretado que não me custa nada e trabalhar motorizado todos os dias comprometeria cerca de cem reais dos meus proventos, mensalmente. Mas, quando quero dormir até um pouco mais tarde, ou chegar mais cedo em casa, dou-me esse luxo.

Para chegar em meu trabalho, tenho que trafegar pela Rodovia dos Tamoios, que liga São José dos Campos a Caraguatatuba. A via margeia um bairro da cidade, a Vila São Bento, e passa ao lado de uma escola. No horário em que passo por ali, os alunos estão começando a chegar e, invariavelmente, há uma viatura da polícia rodoviária próxima. Por isso, sempre reduzo a velocidade para o limite do local, que é de 40 km/h.

Ontem foi assim. De longe avistei a viatura e já fui reduzindo... 60, 40. O carro logo a minha frente estava relativamente distante e passou pelo policial. Quando fui chegando perto, ele veio para o meio da pista. "Droga!", pensei, "ele vai me parar." Não que houvesse algo errado comigo ou com o carro. Os documentos estão todos em dia e não há nenhum problema de ordem funcional em meu Uninho que possa me render uma multa. O problema é que sempre saio de casa com o tempo exato de chegar ao escritório no limite para marcar o ponto. Qualquer contratempo representa atraso na certa.

Mas ele não me mandou encostar, apenas fez sinal para que eu reduzisse e parasse, pois havia um carro em sentido contrário e uma pedestre que precisavam atravessar a rodovia. Parei. O policial todo jovial e com gestos largos, fez sinal para que o carro cruzasse e a moça atravessasse. Fez um galanteio para ela, cheio de sorrisos. Pensei: "Olha só! Nem todo guarda rodoviário é marrento, afinal..."

Findo o movimento, ele me mandou seguir em frente e, quando passei ao seu lado, ele, todo sorridente, me disse:

_ Valeu , Renato Russo!

Sorri e acenei para ele, até porque, não é a primeira vez que me falam algo do tipo. Ou porque me acham parecido com o líder da Legião Urbana, ou porque vêem o sobrenome de minha mãe em algum documento meu. Manfredini. O mesmo de Renato "Russo" Manfredini Júnior. Meu bisavô garantia que apenas um ramo da família veio da Itália para o Brasil, portanto, provavelmente somos parentes distantes. Ainda assim, não me acho parecido com ele. Tirem suas conclusões: